quinta-feira, 23 de outubro de 2014

Extraordinário - RJ Palacio

Caros(as) leitores e leitoras,

Sabe quando “o diferente” nos surpreende e nós temos que decidir como agir a partir daquele momento? Pois é, queridos(as), é essa a proposta da autora R. J. Palacio. Em seu primeiro livro, a nova-iorquina pretende fazer um alerta sobre vários conceitos a atitudes que giram em torno do terrível mundo do bullying. Extraordinário, sem sombra de dúvidas é um livro emocionante e extraordinário!



O título original da obra é Wonder, e foi publicado no Brasil pela Editora Intrínseca em 2013. O livro vem com 320 páginas e foi impresso no tamanho 16x23, e em papel Pólen Soft (o queridinho!).

Fiquei curiosa pelo livro desde a primeira vez que vi a capa. Sabe aquela história de: não julgue o livro pela capa? Pois é, infelizmente eu ainda sou atraída pelos nomes marcantes e as capas intrigantes. No caso de Extraordinário, eu simplesmente me recusei a ler a sinopse e qualquer comentário que falasse sobre o livro, o escolhi como algo que seria uma incógnita na minha estante. Ainda bem que ele foi o que eu esperava e em alguns momentos mais que isso!

O livro é narrado por: August Pullman (personagem principal), pela Olivia Pullman (irmã de August), por Summer e Jack Will (amigos de August), Justin e Miranda (namorado e melhor amiga de Olivia). O que mais me impressionou na narrativa, é que, cada personagem, ganha corpo e uma história intrigante e comovente a seu modo, e quando nós comparamos com a vida de Auggie (August) é surpreendente como percebemos que, apesar de tudo, ele é um sortudo! Mas, vamos do começo...

Auggie nasceu com o resultado de uma alteração cromossômica raríssima presente em todo o rosto. Seus pais tinham o mesmo gene, que por algum motivo cientificamente não descoberto, eles passaram por uma mutação e fizeram deformidades no rosto de Auggie, mesmo sua irmã mais velha não tendo nascido com nenhum tipo de evidência dos genes dos pais. August nasceu sem orelhas, com lábio leporino, com os olhos na altura das bochechas, e sem essas últimas, isso o que eu consegui identificar na descrição dos personagens! Ele passou por inúmeras cirurgias para tentar amenizar e corrigir os defeitos na face, no entanto, ele ainda era a criança que assustava as outras crianças no parquinho... A história desse maravilhoso livro começa quando Auggie decide, com 10 anos, ir à escola, pela primeira vez!

Não há nenhuma possibilidade que eu consiga descrever essa história sem me aprofundar ou fazer um relato longo e exaustivo. Mas, caro(a), você precisa compreender que no universo de Auggie, que, mesmo sendo um garoto absolutamente normal, as pessoas ao seu redor não o deixavam se sentir assim, até mesmo sua família, que sempre viviam em torno dele, o apoiando em tudo, dando o amor que qualquer criança deveria ter. Ele não se aceitava, por que não era aceito! Em uma conversa entre a Miranda e o Justin, em que ela diz que o Auggie achou uma espécie de bilhete premiado do universo, mas um bilhete ruim, por ter nascido daquele jeito. No entanto, Justin analisa essa afirmação e percebe que está completamente errada! Miranda viu seu pai trair sua mãe e depois se separar, sua mãe dá atenção a qualquer pessoa, menos a própria filha, por isso, Miranda teve que mentir para os outros para ser aceita! Já Justin não recebe nenhum tipo de atenção dos pais, e quando começa a namorar a Via (Olivia irmã de August) simplesmente se apaixona pela família dela, por que todos são amorosos e carinhos entre si, daí ele pensa: Não! Auggie ganhou na loteria! Apesar de tudo, ele tem pais que o ama e fazem tudo por ele, e uma irmã que brigaria com o mundo para defendê-lo, além de amigos verdadeiros, que o consideram como irmão... Pois é, meus queridos, existem muitos Auggie sendo julgados e afrontados por ai... E bem perto de nós!

A história mostra os altos e baixos que passa uma criança diferente no meio das crianças que são consideradas normais. O quanto isso pode ser ruim, Auggie sabe, mas o que ele não sabia, é que encontraria amigos verdadeiros que fariam qualquer coisa para estar ao seu lado, enquanto qualquer outra criança jamais ficaria, por medo, pena, ojeriza ou qualquer coisa.

August Pullman trás grandes lições para os alunos, para os professores e para o diretor da escola, que se coloca inteiramente ao seu lado, quando inicia-se um motim entre os pais dos alunos, que querem tirar o August da escola a todo custo, só por que nosso personagem é visualmente diferente dos outros.

O desenrolar da história é magnifico, surpreendente e emocionante. O apelo à gentileza é feito em cada linha, sobretudo gentileza com o diferente! Mesmo sem que Auggie perceba, o cenário muda a seu favor, e logo ele começa a se sentir uma criança igual às outras. O que é incrível para ele e para todos ao seu redor...

Como você deve ter percebido, não acrescentei o resumo desse livro, por que quero muito que você desperte interesse pela leitura dessa obra especial... Quero muito que um dia você leia esse livro e se encante com o menino Extraordinário. Assim como eu!

O único fato “diferente” do livro, é que o marco cronológico que a autora fez não é tão claro. Diversas vezes eu me confundi e simplesmente desisti de acompanhar a cronologia da história, o que eu acho super necessário em um livro! Quando pensei que já estava no ano seguinte, ainda estava no atual, então, realmente me perdi completamente, talvez por conta das mudanças de narrativa, que às vezes descreviam fatos que já haviam sido descritos pelo Auggie. De qualquer forma, essa é uma leitura incrível!

O diferente pode ser extraordinário, basta que nós possamos nos permitir conhecer antes de criticar ou fechar os olhos. Essa obra é de uma grandeza inexplicável e deixa em nossos corações o enorme desejo de ser gentil!

“Sei que não sou um garoto de dez anos comum. Quer dizer, é claro que faço coisas comuns. Tomo sorvete. Ando de bicicleta. Jogo bola. Tenho um Xbox. Essas coisas me fazem ser comum. Por dentro. Mas sei que as crianças comuns não fazem outras crianças comuns saírem correndo e gritando do parquinho. Sei que os outros não ficam encarando as crianças comuns aonde quer que elas vão. Se eu encontrasse uma lâmpada mágica e pudesse fazer um desejo, pediria para ter um rosto comum, em que ninguém nunca prestasse atenção. Pediria para poder andar na rua sem que as pessoas me vissem e depois fingissem olhar para o outro lado. Sabe o que eu acho? A única razão de eu não ser comum é que ninguém além de mim me enxerga dessa forma.”
(Primeira página!)

Chegou a hora de deixarmos de ser sinceros demais, e expor nossas agulhas de pontas afiadas para todo lado, ferindo a todos sem distinção. Não por que um dia podemos ser feridos. Não! Mas sim por que o diferente merece o nosso abraço, o nosso apoio, ou simplesmente um sorriso gentil! Deixar o preconceito de lado, é o preceito para sermos felizes em qualquer lugar do mundo! =)

Com amor,

Natasha.

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